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Não é um museu, mas com certeza é bem vistosa. A loja de carros antigos de Assadur Mekhitarian tem quase 30 anos. Quem gosta do assunto, a visita é indispensável para um bom negócio. Para quem é apenas curioso vale a pena.
O acervo é pequeno e entre suas raridades estão um Jaguar, Bel Air, Karmann Ghia, Rolls Royce, uma bomba de gasolina antiga, lambretas, Harley Davidson e uma Jardineira, que deu origem ao nome do estabelecimento, o que dá início a nossa história.
Segundo o livro “História do Automóvel no Brasil”, devido à crise de energia elétrica que afetou os transportes públicos da cidade de São Paulo, na década de 20 foi necessário encontrar uma alternativa.
Imigrantes como os irmãos Luiz e Fortunatto Grassi encarroçaram o chassi de um Ford Modelo T, produzindo assim o primeiro ônibus do Brasil, a Jardineira, posteriormente apelidada de “mamãe me leva”.
A paixão por carros nesse estilo é bem antiga. O senhor Assadur que nasceu na década de 30 viu muita coisa passar diante de seus olhos. Trens e bondes são um exemplo disso. “Vi muita coisa na infância e ficou aquela paixão e saudosismo”.
Seu primeiro carro antigo foi um Ford Modelo T, 1925. “Igual essa picape modelo T que eu tenho aí”, disse ele se remetendo ao seu Fordinho preto, que já foi até Rio Claro. “Certa vez a polícia me parou, mas foi para tirar fotos”. Outro carro que brilha ainda é o rabo-de-peixe, aquele da novela, mas aqui ele é vermelho, o Cadillac é de 54.
Na loja de Mekhitarian esse transporte de 1929 chama atenção. Possui 15 assentos e é quase toda revestida de madeira original. O pequeno ônibus é todo aberto, mas segundo o dono os passageiros não tomavam chuva porque tinha cortinas. Alguns vidros frontais são jateados em flores, os bancos vermelhos que dão o toque charmoso à Jardineira foram feitos de couro sintético.
Os apoios para os braços do motorista se harmonizam com os balaústres dourados, usados pelos passageiros para subir no coletivo, que por sua vez, firmavam seus pés no estribo feito de ferro. O bagageiro é um pouco diferente, fica no lado externo do teto.
O caminhãozinho de combustível, Modelo Internacional, de 1936 foi adquirido em Bragança Paulista e está em perfeito estado, nem parece que tem 70 anos, isso é que exemplo de conservação! Mas esse veículo tem uma história curiosa. Segundo Assadur, ele viu o veículo ainda moço, na década de 50 em um posto de gasolina. “Eu achei bonito e quis comprar, mas o camarada não quis me vender. Mas há quatro meses meu filho viu em um anúncio que o mesmo caminhão estava em Belo Horizonte. Fizemos um negócio e o trouxemos para cá”, lembrou.
Hoje o caminhão já foi vendido e espera apenas pela chegada de seu novo dono. E por falar em “business” há clientes de todos os tipos que circulam pela loja, como por exemplo, Fernando Groba, que veio com a sua filha. Se interessou pelo Karmann Ghia marrom de 1965, mas não levou. “Compra o Jaguar pai”, disse a pequena.
Quando questionado sobre o que faz quando precisa de alguma peça original para um veículo antigo ele é direto. “Há algumas lojas antigas, de 40, 50 anos que fecharam para esse mercado, mas que possuem estoques. É mais fácil encontrar uma peça de um Ford 29, do que um Honda 2000, porque às vezes já está fora de mercado. O custo benefício até que não é caro”, completa ele.
Há ainda outros detalhes na “Jardineira Veteran”. Além de um jardim muito bem cuidado onde os visitantes podem se sentar para um café, uma das salas da loja que mais parece um antiquário. Medalhas, louças, fotos da família e da cidade de São Paulo, miniaturas e até um livro repleto de autógrafos de celebridades como, Rogério Ceni e Marília Gabriela e Roberto Carlos, que gravou o clipe da música “Calhambeque” na loja compõem o local. E olha que interessante. Ainda há retratos do próprio Assadur como goleiro do Palmeiras!
“Pretendo inaugurar no ano que vem uma casa de cultura para contar a história do automóvel”, disse o apaixonado pelos “antigos”. O espaço já está sendo construído e deverá ter entre outros, todo o acervo de fotos de carros antigos que ele possui em sua sala, seus escritos sobre suas histórias com carros antigos, principalmente a da Jardineira. Agora basta esperar!
(Por Diana Gilli)